Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o coronel do Exército Jean Lawand Júnior negou ter tramado um golpe em troca de mensagens de celular com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O coronel estava amparado por um habeas corpus, que lhe dava direito de não responder perguntas que possam incriminá-lo, mas respondeu às perguntas. Parlamentares afirmaram que ele mentiu.
Parlamentares governistas e da oposição apontaram incoerências na versão apresentada pelo coronel do Exército Jean Lawand Junior sobre mensagens trocadas em dezembro passado com o ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Lawand disse que os diálogos não foram um estímulo a um golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Diante disso, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que a linha de defesa de Lawand “tratou os parlamentares como crianças”, e chegou a propor que o coronel falasse reservadamente aos integrantes da CPMI. Ele negou, mas passou a requerer mais vezes o direito de permanecer calado.
Para o deputado Duarte (PSB-MA), um dos autores do requerimento de convocação do coronel, o depoente mentiu à comissão parlamentar mista de inquérito. Amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), Jean Lawand Junior não respondeu a questionamentos do parlamentar sobre um diálogo com Mauro Cid. Na ocasião, o coronel se disse decepcionado com então presidente Jair Bolsonaro. “Soube agora que não vai sair nada. Decepção, irmão. Entregamos o país aos bandidos”, escreveu Lawand em 21 de dezembro de 2022.
“Seu silêncio é covarde. O senhor está protegendo os ‘tubarões’. O senhor é um coronel. Não tenha medo. Inocentes podem estar respondendo por algo que foi o alto escalão. Aqueles que estavam buscando atentar contra a democracia e tentar trazer a ditadura de volta. Eu não esperava isso de um coronel do Exército Brasileiro“, afirmou Duarte.
O depoente também ficou calado ante perguntas dos senadores Soraya Thronicke (União-MS) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). A parlamentar sul-mato-grossense questionou o militar sobre uma mensagem em que Jean Lawand Junior escreve para Mauro Cid: “Convence ele (Jair Bolsonaro) a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder”.
Fonte: Agência Senado