Depois de uma semana das denúncias feitas por Ciro Gomes contra o Governo do Estado e sua repercussão na política local, o deputado Cláudio Pinho (PDT) foi à tribuna da Assembleia Legislativa para fazer a defesa do líder pedetista. O parlamentar chegou a sugerir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o que foi dito pelo ex-governador durante convenção do PSDB.
“Hoje, meu assunto é para falar de um companheiro do PDT que fala e quando fala, apesar de muitos quererem desqualificá-lo, gera notícias no País inteiro. E semana passada tentaram de todas as formas destruir a imagem do ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará, ex-ministro da Economia, depois ministro da Integração Nacional, deputado federal, o cearense de coração, apesar de ter nascido em São paulo, Ciro Gomes”, iniciou Pinho.
Ele fez uma explanação de todos os feitos de Ciro Gomes durante suas gestões públicas e seu histórico de aliado dos governos Lula e Dilma Rousseff e fez um questionamento sobre as críticas que o pedetista passou a receber de parlamentares petistas.
“Ciro, por conta, talvez, dessa infeliz disputa, briga, queiram dar qualquer nome ao que está acontecendo com o PDT, tem enfrentado esses problemas. Chamaram de traidor, falaram que cachorro morto ninguém bate. Traidor, inclusive, de Fernando Henrique, e ele, para que a sociedade saiba, não foi ministro do Fernando Henrique Cardoso. Ele foi ministro, talvez de um dos governos mais comprometidos com o Brasil, que foi Itamar Franco. Onde o Itamar fez o plano Real, que está aí até hoje. E ele participou, naquele momento, defendendo a economia, a moeda forte, a industrialização”, disse.
Lembrou que quando o PSDB tentou abrir processo de impeachment contra Lula, ainda no caso do Mensalão, foi Ciro quem dialogou com Aécio Neves para impedir que isso seja feito. Quando da operação Lava Jato, em defesa de Lula, o pedetista afirmou que receberia o então juiz Sérgio Moro à bala. E agora, em um novo momento político do País, ele, segundo Pinho, é tratado como traidor por petistas.
“Agora, o homem não presta. As pessoas estão batendo no carteiro, que traz a carta. Quando, na realidade, essa Casa tem que rever o que está escrito na carta, não em quem traz a encomenda. Ele apresentou diversas denúncias, e as pessoas procuram desqualificar, chegando a dizer que ele não presta. O caminho da política não é por aí”, disse.
Segundo o deputado, se o que Ciro disse é verdade ou mentira, a Casa tem os meios para fazer uma investigação. “Essa Casa deve corrigir isso, e temos diversos meios. A oportunidade é, se for o caso, de apresentarmos uma CPI, para apurarmos as denúncias feitas pelo Ciro. É o momento que temos que trazer a verdade. Não podemos pactuar com mentiras. Não pode pactuar com agressões. Se temos algo para falar, não podemos trazer problemas pessoais para a tribuna para tentar macular a imagem de quem quer que seja”, disse.
O deputado Sargento Reginauro (UB) defendeu que Ciro Gomes seja convidado para prestar esclarecimentos sobre suas falas. “A oportunidade de ouvir esse homem é essa. Eu fiz esse requerimento. Não é possível que esta Casa não queira, em defesa do governador, acolher esse requerimento para que a gente possa tirar a limpo essa situação”.
Contradição
Já Audic Mota (MDB) apontou contradição nas falas de Pinho, principalmente, no que diz respeito a um pedido de CPI. Segundo ele, não há fato determinado para a abertura de um inquérito sobre o caso. O pedetista, porém, afirmou que apresentará tais fatos. O emedebista, por sua vez, informou que os partidos políticos podem, se quiserem, interpelar o autor das denúncias, inclusive, judicialmente.
“Como diz que a maneira de apurar é CPI e não aponta fato determinado? No direito penal, tem que ter o fato. Tem que se defender de alguma coisa. Primeiro diga o que é. Não vi, nesses oito meses, essa prática, que infelizmente, foi falada. A questão interna e familiar do PDT, vocês que se virem”, disse Mota.