Durante sessão ordinária na Câmara Municipal de Fortaleza, na manhã desta quarta-feira (06), vereadores repudiaram falas de colegas que atacaram a vice-governadora Jade Romero após falas dela criticando o ex-prefeito Roberto Cláudio. Para alguns parlamentares, os pronunciamentos de Lúcio Bruno (PDT) e Adail Júnior (PDT) fazem parte de um machismo estrutural e que não há justificativa para o tratamento prestado por eles à gestora.
Adail e Bruno, durante sessão ordinária na terça-feira (05), ao comentarem falas de Romero, chegaram a dizer que ela não deveria ser “menina de recado” ou “garganta de aluguel” para levar recado de outros. A emedebista havia dito que o ex-prefeito Roberto Cláudio iria fazer com o prefeito Sarto o que teria sido feito com a ex-governadora Izolda Cela.
“Me incomodou a fala que questionava de onde Jade Romero teria saído para o exercício de ser vice-governadora do Ceará. Uma pergunta que não fazem aos homens políticos do Brasil, mas sempre fazem quando é uma mulher. É muito frustrante que as mulheres tenham que mostrar o que são, de onde vem, quando isso não é cobrado aos homens. Eu, como mulher, não posso me calar diante essa violência que a Jade Romero sofreu ontem. Às vezes, os colegas falam disso de forma não natural, porque se naturalizou”, disse a vereadora Adriana Nossa Cara (PSOL).
Eudes Bringel (PSB) afirmou que, independente de ser a governadora ou o governador, as falas foram um desrespeito ao cargo e abre precedente para que outros políticos sejam chamados de “meninos de recado”. “Todo dia o ex-prefeito Roberto Cláudio publica nas redes sociais e o vereador Lúcio Bruno vem aqui e replica. E nem por isso ninguém o chamou de garganta de aluguel ou menino de recado”, disparou.
“Essas falas sobre as mulheres na política já vem desde 2022, e por isso que falo que são falas eleitoreiras. Eu não entendi a fala colocando a Luizianne. A prefeita Luizianne foi prefeita e reeleita. A (ex)governadora Izolda não teve a condição de ir para a reeleição. O candidato à reeleição é o prefeito Sarto”, questionou Léo Couto (PSB).
Gabriel Aguiar (PSOL) disse ficar triste, frustrado e envergonhado com algumas falas de seus pares. “É sobre as palavras aqui ditas de deslegitimar uma mulher, o mais alto cargo do poder executivo estadual do Ceará, com palavras de baixíssimo calão e agora repetir aquele discurso batido de que não desrespeita mulher porque tem esposa ou porque tem filha. Não devemos repetir essas palavras, colegas parlamentares. Não podemos nos blindar de sermos reprodutores do discurso misógino por termos mulher, filha. Temos que nos levantar contra toda fala machista e violenta contra as mulheres”, disse.