Locais icônicos do Ceará são escolhidos por fotógrafo francês para exposição na Caixa Cultural

Locais icônicos do estado do Ceará, como a praia de Jericoacoara, a comunidade do Pirambu, a Sucata Chico Alves e o icônico Edifício São Pedro foram cenários escolhidos pelo fotógrafo francês Denis Rouvre para a produção de “O Amanhã Não Existe”. Com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal e apoio da Embaixada da França no Brasil, a exposição está em cartaz na CAIXA Cultural Fortaleza até o dia 20 de abril. A entrada é gratuita, com visitação de terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e feriados, das 10h às 19h.

Em mais de 50 fotografias, Denis Rouvre apresenta o seu olhar crítico sobre a sustentabilidade e a capacidade humana de se reinventar, e revela a força e a resiliência de comunidades em espaços urbanos e paradisíacos. São imagens que traduzem o embate entre abandono e esperança, destruição e renascimento.

Em Jericoacoara, um dos destinos turísticos do Brasil mais conhecidos, Denis e sua equipe passaram 15 dias coletando resíduos trazidos pelo mar para criar figurinos usados pelos personagens fotografados. Cada imagem é a representação visual do impacto ambiental e a necessidade de reciclagem e reaproveitamento dos materiais descartados de forma irresponsável.

No Edifício São Pedro, um símbolo da decadência urbana, que por mais de 70 anos fez parte do cenário da Praia de Iracema, em Fortaleza, até ser demolido em 2024, após risco de desabamento, os moradores participaram ativamente das fotografias, evidenciando o espírito de coletividade e resistência. O prédio, um vestígio de uma cidade em constante transformação, reflete a luta por moradia e a resiliência daqueles que fazem da ruína um lar. “As fotos no Edifício São Pedro foram feitas com os próprios moradores do edifício, que falam também muito sobre o projeto em si, porque são grupos que já tiveram que se juntar e se reerguer para sobreviver”, destaca o curador da mostra, Bruno Ko.

A Comunidade do Pirambu, uma das maiores e mais antigas de Fortaleza, aparece na exposição como um reflexo da realidade social contemporânea. Em um mundo onde o caos já é parte do cotidiano, os moradores se tornam protagonistas de uma narrativa que questiona a distância entre distopia e realidade. “Nesse espaço de resistência, a beleza foi encontrada onde o mundo se assemelhava ao que havia sido descoberto. Não é a beleza do consumo ou da opulência, mas a beleza da perseverança. É da luta silenciosa, da capacidade, mesmo diante da adversidade, de continuar a acreditar, a viver e a lutar”, afirma o fotógrafo Denis Rouvre.

Já na Sucata Chico Alves, um espaço de reciclagem e reinvenção, o conceito de transformação se materializa na própria matéria-prima das imagens: o lixo torna-se arte, e aqueles que trabalham com ele se tornam os verdadeiros construtores do futuro. Ainda assim, para Denis, a cidade sofre um apagamento de memória da sua própria história. “Fortaleza oferece apenas vestígios de uma civilização desvanecida. As estruturas agora mergulhadas em pó, são reflexos de uma cidade que se renova engolindo o passado”, pondera.

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