Os deputados da Assembleia Legislativa do Ceará repercutiram, na manhã desta quinta-feira (23), as falas do vereador Carlos Mesquita (PDT), em que ele chama os parlamentares de “babacas”. Um requerimento de moção de repúdio contra o pedetista foi discutido na Casa, mas logo após um pedido de desculpas feito por ele, da tribuna da Câmara Municipal de Fortaleza, foi alterado para nota de retratação, o que não agradou alguns membros do parlamento cearense.
A deputada Larissa Gaspar (PT), que foi citada por Mesquita em seu pronunciamento, afirmou que ainda na data de hoje, quando sinalizou pedido de desculpa, o vereador também se utilizou de “adjetivações pejorativas” contra os parlamentares e que a nota de retratação não surtiu o efeito. O presidente da Assembleia, Evandro Leitão (PDT), afirmou que essa nova atitude do vereador dá margem para que uma eventual nota de repúdio seja apresentada na próxima semana contra o parlamentar fortalezense.
“Lamentavelmente tivemos um fato grave na Câmara de Fortaleza, quando o vereador Carlos Mesquita referiu-se aos deputados com expressões de baixo escalão. Eu entendo que nada justifica o ataque aos deputados estaduais, especialmente, fazendo menção à deputada Larissa, que merece nossa solidariedade”, disse Guilherme Sampaio (PT), autor da moção de repúdio. Nenhum dos deputados contestou a recepção do requerimento na pauta do dia.
A deputada Jô Farias (PT) expressou sua solidariedade e repúdio às ofensas proferidas pelo vereador. Júlio César Filho (PT) destacou falas de Mesquita quando ele afirmou que o prefeito Sarto teria cortado recursos da Saúde para provocar o governador Elmano de Freitas para investir no setor do câncer.
“Se isso aconteceu, a deputada Larissa está coberta de razão em investigar e renunciar. De maneira irresponsável, o líder do prefeito joga isso no plenário da Câmara. E mais vergonhoso, ele coloca em saia justa o prefeito de Fortaleza, que, em apuros, sem opção, o demite, o destitui para poder dar uma resposta à população. Inclusive, queremos uma resposta. Porque o fortalezense quer saber se foi ou não cortado recursos para a saúde de Fortaleza”, pontuou.
Osmar Baquit (PDT) também destacou as falas desastrosas de Mesquita que lhe custaram o cargo de líder do Governo. “Eu escuto um imbecil desse, um desqualificado, porque quem faz isso está desrespeitando a vida das pessoas. Ele quer desviar o foco diante o crime que ele cometeu”, disse.
O deputado Cláudio Pinho, membro do PDT, mesmo partido de Mesquita, chamou de “indevida” a palavra utilizada pelo vereador com os deputados. “Por mais que tenhamos divergências, a gente tem que procurar a boa convivência e evitar estar agredindo deputados e vereadores”, disse ele, que solicitou a retirada da matéria de votação.
Retratação
Ex-vereador de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), que foi presidente da Câmara Municipal, afirmou que sempre orientou seus pares a terem cuidado para zelar pelo parlamento. Apesar de ter dito que não estaria fazendo a defesa de Mesquita, propôs a apresentação de outro pedido ao invés de nota de repúdio. Sargento Reginauro (UB) se solidarizou com Larissa Gaspar, que foi mencionada pelo pedetista, mas também propôs a retirada da medida de votação e sugeriu uma retratação.
Evandro Leitão, ao tomar conhecimento do pedido de desculpas de Carlos Mesquita da tribuna da Câmara Municipal de Fortaleza, solicitou uma maior reflexão diante o pedido de Sampaio. O petista, em resposta, afirmou que o requerimento era uma forma de se atentar ao respeito aos representantes do Legislativo Estadual. “Ele foi à tribuna pedir desculpa a cada um dos deputados e deputadas. O vereador se retratou publicamente e quero pedir a mudança de moção de repúdio à moção de retratação”, sugeriu.