Ibram lança edital para distribuir R$ 1,6 milhão em Prêmio Pontos de Memória

Para participar do edital, entidades e coletivos culturais precisam ser certificados pelo Ibram como Pontos de Memória (Foto: Filipe Araújo/MinC)
Para participar do edital, entidades e coletivos culturais precisam ser certificados pelo Ibram como Pontos de Memória (Foto: Filipe Araújo/MinC)

Marcar a retomada de políticas públicas, em diálogo com a sociedade e no contexto da recriação do Ministério da Cultura (MinC). Dessa forma, nesta terça (13), a presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fernanda Castro, definiu o lançamento do edital Prêmio Pontos de Memória em um auditório lotado. Entre os presentes, destaque para coletivos do Movimento Hip-Hop, cultura de origem afro-americana. O edital vai oferecer 40 prêmios no valor de R$ 40 mil, totalizando R$ 1,6 milhão em recursos.

“É bom dizer isso. A Cultura voltou. O Ministério voltou. Esse prêmio é, também, antes de tudo, um reconhecimento de quem durante os tempos mais difíceis pelos quais passamos nos últimos anos, não se deixou abater e manteve viva a chama da memória em instituições, movimentos e iniciativas populares de cultura plurais e diversas”, comemorou Fernanda.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou a homenageada nessa edição de 2023: a educadora paraense Helena Quadros. Ela lembrou que o País passa por um processo de resgate e fortalecimento da Cultura e da Democracia. “O edital deste ano faz homenagem à uma grande incentivadora do Ponto de Memória da Terra Firme e de tantas outras iniciativas de memória do Pará e do Brasil. Infelizmente, [Helena] foi vitimada pela Covid, em 2021, como tantos outros brasileiros vítimas de uma política negacionista e que é preciso ser lembrada. Não podemos passar o pano nessa história”.

O secretário Executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, enfatizou: a democracia será consolidada, de modo a dar dignidade a todo povo brasileiro, a partir da memória dos quilombolas, povo negro, matriz africana, comunidades LGBTs, povos indígenas e os que sofreram na luta contra a Ditadura. O Brasil possui cerca de 4.300 Postos de Cultura, sendo 683 ligados ao Patrimônio e à Memória, lembrou a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) do MinC, Márcia Rollemberg. “A nossa missão é muito grande e a gente vai sempre dar o melhor”, assinalou.

Emocionada com a homenagem à mãe, Camila Quadros contou que a missão de Helena sempre foi focada no amor. “Os aplausos chegarão a você. Helena Quadros presente. Helena Quadros potente”, discursou Camila, sob aplausos.

Apresentações

Ao longo do evento, representantes de movimentos sociais usaram as próprias memórias para destacar a importância de ações de resgate e valorização da história. Mãe Baiana do Ilê Axé Oya Bagan, que participa do movimento social de combate ao racismo religioso no Distrito Federal, relembrou episódios de intolerância, como o incêndio que destruiu o terreiro de candomblé no Paranoá, em 2015. “Naquela época, tirei várias peças sagradas para um dia pensar em fazer um museu. E esse dia chegou, junto com o ponto de memória e de cultura, que está aberto à visitação”.

A defesa do legado de resistência e luta do povo negro no Brasil esteve presente na fala do líder comunitário do Quilombo do Grotão, de Niterói (RJ), José Renato Gomes da Costa. “Participo do maior movimento que celebra o nosso povo no país que, nós, negros, fizemos na força escrava. Um país em que, até hoje, os negros ainda não conseguiram participar de forma justa e igualitária na sociedade brasileira. O povo negro merece muito mais. A história tem quer ser contada como realmente aconteceu, com a injustiça que fizeram com os negros”, afirma.

A pauta das mulheres transexuais negras, travestis e de homens gays negros foi destacada pela articuladora Ayanami Gonçalves. “Desde 2016, no Recife, eu e minhas colegas, minhas parceiras de luta, encabeçamos esse movimento, levando a cultura Ballroom a espaços públicos e fazendo acontecer. Estamos aqui, como ponto de memória, para resgatar a memória dos nossos ancestrais”.

O musicista Rafa Rafuagi, do Rio Grande do Sul, colocou a plateia para cantar em homenagem ao Cinquentenário Mundial da Cultura Hip-Hop e convocou todos a espalhar as chamadas tecnologias sociais. “A tarefa de cada um que está aqui hoje é multiplicar [esse prêmio] e levá-lo para cada quebradinha do extremo do seu estado. Através disso, a gente pode fazer com que os pontos de memória possam se auto reconhecer”, convocou.

Para participar do edital, entidades e coletivos culturais precisam ser certificados pelo Ibram como Pontos de Memória. Durante o lançamento do edital, certificados foram entregues para Pontos de Memória de todo País. A certificação pode ser requisitada aqui, até o dia 20 de julho. Para entender como funciona a certificação, clique aqui.

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